sábado, 6 de dezembro de 2008

Cobertura completa

Abaixo algumas impressões sobre o segundo dia do SP Noise Festival, braço do Goiânia Noise Festival, que ocorreu na capital paulista há duas semanas. Escrevi isso logo após chegar em casa, no dia do festival. Não é relevante, não serve para nada, mas como a blogsofera é um ambiente criado para a primeira pessoa passo-lhes o sólido.

Homiepie: banda de paulistanos com cara de paulistanos que pensam que moram em algum lugar do Reino Unido e fizeram vários anos de Cultura Inglesa. Musiquetas fofas que vão de nada a lugar algum para uma platéia com literalmente meia dúzia de gatos pingados. Destaque para o ânimo de um fã empolgado (imprensa, a pulseira amarela entregou a criança). Vão ter que comer muito sucrilhos e tentar outro tipo de droga que mais forte que bandas escocesas.

Calumet-Hecla
: Muito barulho feito por gordinhos nerds de algum lugar perto de Boston, como eles disseram, acho. Mais um show que quase ninguém viu. Não foi ruim, mas também não foi bom. São gringos, logo toda aquela pose no palco não parece forçada, o que não significa muita coisa.

Do Amor: banda de cariocas com cara de cariocas. Pareceu um show animado, mas esse negócio de indie com um tiquinho assim, desse tamanhinho de carimbó que parece ter sido feito por estudantes da UFRJ não me agrada. O que mais me assustou foi um cidadão com panca de bichinha marombada me perguntando que banda era aquela. Quando eu disse “Do Amor” saí correndo e fui buscar uma cerveja.

The Ganjas: Rapazes de Santiago, Chile, em um show ruidoso com canções meio stoner rock. O vocalista parecia perdido em 1992 e o baixista se fazia de performático. No fundo eles pareciam estar intimidados. Eu já com algumas cervejas na moleira até achei o concerto bonzinho.

Black Lips: Confesso que gosto bastante do Black Lips. Eles são meio incensados pela gringa e pelos jornalistas do eixo Barra Funda-Consolação-Pinheiros. Foi um show bacana, bem garageiro, até meio chulé que parece que foi cortado antes do final. Pulei bastante em algumas canções, mas o pior de tudo é agüentar a indiezada se fazendo de cool. Certo que o visual dos manos no palco é meio universitário, como se fossem estudantes de uma FFLCH da América, com direito a ponches e bigodes chicanos. Até que ponto aquilo era deboche ou estilo eu não sei. Katrina foi o melhor momento da bagaça. E teve também meu momento, er, dã, tiete. Vi parte do show ao lado da Frances McKee do Vaselines. Não resisti e me utilizei de meus meses de inglês, como Angel Villa em Los Três Amigos e perguntei se ela gostava do Black Lips. Ela disse que sim, mas nunca tinha visto um show deles. No final ela me agradeceu como uma senhora escocesa muito educada.

Helmet
: Porra, Helmet. Se não fosse o Nirvana eu não teria conhecido o Helmet. Umas das bandas que marcou minha adolescência. Na época tentaram até rotular os caras como novo Nirvana, mas não colou. Que se foda. Eu ouvia Helmet porque era pesado, mas não tinha aquela coisa relacionada ao metal tradicional, como bichos feios e terror. Não que eu fosse fresco, mas eu com 15, 16 anos achava aquele lance de metaleiro cabeludo e rugindo um negócio meio infantil. Ouvir Helmet me fazia sentir adulto. As letras de suas canções tratavam de conflitos humanos e relacionamentos pessoais de maneira madura, sem ser chorosa e com umas paradinhas entre as avalanches de guitarras que trucidavam minha pobre mente. E o fato do vocalista e líder da banda, Page Hamilton, ter formação jazzística só ajudou a completar meu pedantismo adolescente. Trilha sonora de muitas festinhas, os álbuns da banda eram os espanta minas da ocasião. Mas vamos ao show. Page Hamilton se mostrou um senhor muito simpático no palco e fora dele, posando para fotos com fãs e o escambau. Na verdade ele é alma da banda, o único que sobrou da formação original e que dá conta do recado certinho. Os outros músicos pareciam tocar com um tio mais velho em uma festa de família. Uma molecada com formação Nu Metal, com direito ao guitarrista base tocar seu instrumento como se fosse um integrante do Linkin Park. Claro que o show não teria sido metade do que foi se não fosse o público, que lotou o palco 1. Uns trintões misturados a uma molecada, que devia mijar nas fraldas quando o Helmet surgiu, batendo cabeça e pogando, inclusive a ruiva cheinha do Calumet-Hecla. E teve a força das canções, para mim crássicas, como Wilma’s Rainbow, Exactly what you wanted, Just Another Victim e Unsung que fechou a apresentação. A música do Helmet hoje é datada, mas não me importo. Se ouvir seus álbuns me fazia sentir adulto há 15 anos atrás, ver o show do Helmet hoje me fez sentir como um adolescente.

Vaselines: Se não fosse o Nirvana eu não teria conhecido o Vaselines. Não posso mentir e dizer que ouvia muito essa banda de Glasgow no final dos anos 80 por meio de vinis que meu tio trazia de suas viagens ao exterior. Eu não tenho essa história para contar. Mas eu realmente gosto deles, mesmo que eu tenha adqurido o gosto por tabela. O show foi bom, muito divertido, diria. Eugene Kelly é o cara, a Francês McKee é fofa (vide relato acima) e os Belle and Sebastian da banda conduziram bem a sinfonia. As canções soaram toscas como são em suas gravações, com um gostinho punk pop temperado com Sazon. E eu sempre gosto de olhar os malas da platéia, mirando o palco como se fosse um altar.

Não vou falar dos atrasos nem do local esquisito onde rolou o festival. Encerro aqui.

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